sábado, 3 de maio de 2014

[Resenha] Morte Súbita: uma análise muito além das aparências




As pessoas são seres contraditórios por natureza. Ao mesmo tempo em que podemos ser bons, fazendo algo voltado para um bem maior, podemos ser mesquinhos e egoístas, objetivando somente o benefício próprio. Essa é a dura revelação que o livro Morte Súbita, de J. K. Rowling, nos faz.

Em seu primeiro romance para um público adulto, a autora da série Harry Potter cria uma trama que gira em torno de um personagem que já está morto: Barry Fairbrother morre de maneira repentina, deixando vazia uma cadeira no Conselho Distrital de Pagford e, dali em diante, a vida das pessoas desse pequeno vilarejo irá se transformar drasticamente.

A ausência de Barry atinge os demais personagens de diversas formas e, sob o efeito da sua morte, vamos conhecendo-os aos poucos. A narração em terceira pessoa nos coloca dentro da cabeça de cada um deles. Por trás de cada sorriso, uma tristeza e angústia profundas; por trás de gestos de generosidade, segundas intenções; escondidos sob o disfarce da família exemplar, anos de conformismo e omissão para se manter as aparências.

Assim, durante boa parte do livro, a autora vai nos apresentando as facetas ocultas de cada um dos personagens e revelando seus segredos. Diante de tanta hipocrisia e futilidade, é muito fácil assumir a posição de juiz. É inevitável criticar e condenar certas atitudes e pensamentos. Porém, mais cedo ou mais tarde, cai a ficha e começamos a nos questionar: “eu já não fiz isso também?”, “se fosse comigo, como eu agiria? O que eu pensaria?”.

A partir desse momento, passamos a olhar o cenário de outro modo, de uma forma mais ampla. Colocamo-nos no lugar daquelas pessoas e vemos que Pagford, na verdade, pode ser a nossa cidade, o nosso local de trabalho e até mesmo a nossa casa. Não há heróis, nem antagonistas, somente pessoas normais com problemas mundanos.

Sendo assim, Morte Súbita é um livro que mexe com nossas emoções, enquanto caminha para um desfecho imprevisível. Percebemos que não é tão simples dividir as pessoas em “lado bom” e “lado mal”. Podemos errar tentando fazer o certo, acabando por prejudicar alguém. Mas, também, podemos acertar depois de alguns tombos e tropeços.


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