Editora Objetiva - Suma de Letras |
A dificuldade de resenhar um livro
é diretamente proporcional a sua qualidade. Quanto melhor este for, quanto mais
te tocar e significar algo especial para você, mais difícil será por em
palavras o que você sentiu ao lê-lo. Conseguir expressar de forma resumida suas
considerações e opiniões sobre a história, deixando a cargo do leitor a tarefa
de desvendá-la, sem estragar a surpresa e nem criar uma expectativa exagerada é
um desafio. E assim é com Marina, o
quarto romance de Carlos Ruiz Zafón,
o mesmo autor do aclamado A Sombra do
Vento.
Quando
foi lançado a primeira vez em 1999, Marina era destinado ao público infantojuvenil, porém, logo no começo
do livro, uma nota do próprio autor deixa claro o seu desejo de que a obra não
seja rotulada dessa forma e que leitores de todas as idades possam apreciá-la.
O que torna isso possível é a forma como Zafón conduz a narrativa, no mesmo
estilo que o transformou em um autor best-seller com A Sombra do Vento: a
descrição única dos cenários, o retorno a passados nebulosos, a atmosfera
sombria e personagens complexos pelos quais nos apaixonamos.
A história em si é contada em
primeira pessoa por Óscar Drai, um
rapaz solitário, na época com apenas 15 anos. Ele conhece Marina, uma garota
misteriosa, que transparece uma enorme sabedoria e independência, ao mesmo
tempo em que parece ser tão frágil e triste vivendo com seu velho pai, Germán, em um antigo casarão, em Barcelona. A partir daí, Óscar e Marina
se envolvem com um mistério de muitos anos que coloca suas vidas em risco. Enquanto
isso, a amizade dos dois vai se desenvolvendo cada vez mais, com uma
cumplicidade que não necessita de palavras, até seus sentimentos ficarem
confusos com relação um ao outro.
Em muitos momentos da narrativa, você
fica arrepiado com as cenas de suspense e ação, descritas com tanta habilidade
que te deixam vidrado até chegar ao final. Em outros, você fica encantado com a
relação que se estabelece entre Óscar, Marina e Germán. O amor de pai e filha é
tão intenso que abraçam Óscar, tornando aquela a família que ele nunca teve e
mudando sua visão de mundo para sempre.
Assim os acontecimentos vão se
desenrolando, os segredos vão sendo desvendados e os sentimentos e anseios vão
se intensificando até chegar a um final emocionante, no sentido mais puro da
palavra.
Desse modo, concluo esse desafio pessoal de resenhar um dos meus
livros favoritos afirmando que a vontade de Zafón de escrever um livro para
todas as idades se cumpriu. Apesar do lado fantástico da história, a obra é
tratada com muita maturidade e uma capacidade para tocar as pessoas de maneira
impressionante o que faz de Marina um
ótimo romance tanto para quem busca aventura
e suspense como para quem gosta de
se emocionar.